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Budismo






Devido ao contexto da época (antiga India), todas as escrituras tradicionais são narradas de maneira excessivamente poética. Nesse site, por uma questão de clareza e objetividade, estão apresentados apenas os fatos comprovados historicamente, e que por isso, não dependem de convicções religiosas ou filosóficas.


As Origens

Por volta de 600 a.C., a Índia estava dividida em pequenos reinos e havia cerca de 16 no vale do Ganges. Havia uma grande diversidade de idiomas, muitos dos quais presentes até os dias de hoje. O reino ariano dos Shakyas, um clã de casta guerreira, localizava-se entre o norte da Índia e as montanhas do Himalaia, no sul de Nepal.
 
Naquela época, Shakya era governado pelo rajá Shuddhodana Gautama. O rei era casado com duas primas, filhas do rajá Dandapani do reino de Koliya. Apesar de quererem ter filhos, não conseguiram tê-los e já tinham perdido as esperanças. Shuddhodana já estava com mais de 50 anos e sua esposa tinha a idade de 45. Certa vez, a bela Maya-devi Gautami — a esposa mais velha de Shuddhodana — teve um sonho cheio de sinais auspiciosos. Os sábios astrólogos brâmanes interpretaram-no como o prenúncio do nascimento de um filho prodigioso: ele seria um grande imperador se vivesse no palácio de seu pai, ou um asceta se renunciasse ao trono.
 
Desde aquela época, já existia na Índia uma grande variedade e rivalidade de práticas religiosas e escolas de pensamento. Era nesse ambiente que iria nascer o herdeiro do rei e da rainha Maya. O rei ficou ao mesmo tempo esperançoso e preocupado. Ele não queria que seu filho se tornasse um asceta andarilho, mas sim um imperador, que pudesse solucionar os problemas do reino de Shakya e que aumentasse o poder do seu clã.

O Nascimento

Ao fim de sua gestação, Maya seguiu a tradição indiana e viajou para a casa de seus pais em Kapilavastu, a fim de ter o seu filho lá. O filho de Maya nasceu em Lumbini, um jardim de árvores Shala localizado entre as cidades de Devadaha e Kapilavastu. No alvorecer do 8º dia do 12º mês lunar de 563 A.C., sob uma grande árvore, a rainha deu a luz a um belo menino.
 
O recém-nascido recebeu o nome de Siddhartha Gautama (aquele da família Gautama que realiza suas metas). Um velho eremita chamado Asita foi vê-lo e descobriu vários sinais no corpo do menino, confirmando as previsões de um futuro promissor.
 
Maya faleceu uma semana após dar a luz e Siddhartha passou a ser cuidado por sua tia, Maha Prajapati Gautami, que futuramente se tornaria a primeira monja budista. A partir dos 7 anos, o príncipe Siddhartha começou a ser educado por grandes professores, como o brâmane Vishvamitra, que lhe ensinou a ler e escrever. Entretanto, Vishvamitra fiou tão impressionado com o desenvolvimento extraordinário do menino que preferiu deixar de ser o tutor de Siddhartha, alegando ter um conhecimento muito limitado para poder educá-lo.
 
Durante os 7 anos seguintes, o príncipe estudou astronomia, geografia, textos clássicos e seus comentários, filologia, matemática, música, dança, composição, pintura e outras artes.


A Adolescência
 
Quando chegou à adolescência, recebeu de seu pai três palácios: um de mármore para o verão, um de cedro para o inverno e um de ladrilhos para a época das monções. Lá desfrutava das melhores comidas, bebidas, vestimentas e todo tipo de prazeres. Um dos palácios tinha nove andares, o segundo tinha cinco andares, e o último tinha três. Eles eram rodeados por jardins de flores perfumadas, árvores cheias de pássaros, fontes de água pura e cristalina, pavões e outros animais.
 
Após vencer um torneio por volta dos 16 ou 17 anos, Siddhartha casou-se com Yashodhara Devi, filha do rajá Dandapani de Koliya (ou do ministro Mahanama) e foi presenteado com o belo palácio de Visharamvan. Neste torneio, o príncipe exibiu toda a sua excelência em literatura, gramática, arco e flecha, montaria, esgrima e luta. Segundo algumas tradições, Siddhartha casou-se também com Gopa (ou Gopika) e Mrigaja, mas foi com Yashodhara que ele teve seu único filho, Rahula (cujo nome significa "grilhão"). Além delas, Siddhartha teria tido também um grande número de cortesãs à sua disposição. Aos 18 anos de idade, durante uma cerimônia realizada no 8º dia do 2º mês, Siddhartha foi ungido com as águas de quatro mares, recebeu o selo real e foi investido como príncipe herdeiro do reino de Shakya.
   

O Caminho do Despertar

Com a idade de 29, Siddhartha convenceu o seu pai de que já era o momento de conhecer o mundo; o príncipe nunca tinha saído dos palácios. Acompanhado pelo cocheiro Channa, o príncipe saiu de carruagem para conhecer a cidade. O rei Shuddhodana tentou evitar que seu filho presenciasse qualquer cena desagradável e mandou varrer e camuflar a cidade, além de esconder as pessoas que sofriam. Mesmo assim, em pontos diferentes do trajeto, ele acabou se deparando como um velho enfraquecido, um doente sofrendo, um morto sendo cremado e um asceta errante. Muito entristecido e angustiado com tudo o que viu, retornou ao palácio de seu pai, discutiu com ele e decidiu abandonar seu luxuoso estilo de vida. Ele decidiu trocar tudo o que tinha pela busca do caminho que leva ao fim do sofrimento.
 
Apesar da vigilância ter sido reforçada para evitar a fuga do príncipe, numa escura noite quando todos dormiam, ele acordou o cocheiro Channa e fugiu pela muralha do norte, cavalgando seu rumo às margens do rio Anoma, no leste.
 
Channa não gostou da idéia e, apesar das insistências, não conseguiu convencer o príncipe a retornar. Siddhartha queria descobrir uma maneira de eliminar os sofrimentos do mundo. E como nem mesmo sua riqueza poderia livrá-lo da doença, velhice e morte,  decidiu renunciar à luxuosa vida palaciana e se entregou à austeridade da vida ascética.
 
Ele ordenou que Channa retornasse para dar a pérola de seu turbante a Shuddhodana, seu colar a Prajapati e seus ornamentos a Yashodhara. Como símbolo de sua renúncia,  cortou seus longos cabelos com uma espada.
 
Depois de passar uma noite com o asceta Bhargava, ele encontrou os brâmanes Alara Kalama e Udraka Ramaputra. Nas colinas Vindhyan de Rajagriha, no reino de Magadha, Siddhartha aprendeu técnicas avançadas de meditação muito rapidamente. Porém, os brâmanes não conseguiram responder às dúvidas de Siddhartha quanto à natureza do eu, nem mostrar o caminho que leva à extinção total do sofrimento.
 
Durante seis anos, Siddhartha praticou o ascetismo na floresta de Uruvilva em Rajagriha. Para comer, tinha apenas um pouco de arroz. Para beber, tinha a água da chuva. Estava acompanhado por outros cinco ascetas, que teriam sido discípulos de Udraka Ramaputra.
 
De tempos em tempos, o rei enviava oficiais até lá para tentar convencer o príncipe a retornar; entretanto, eles não tiveram sucesso. Algumas tradições afirmam que os cinco ascetas eram filhos de cinco elevados ministros de Shakya, enviados até lá pelo rei Shuddhodana a fim de proteger Siddhartha.
 
Quando percebeu que as yogas ascéticas não trariam o fim do sofrimento, Siddhartha abandonou este estilo de vida. Subitamente, ele compreendeu que o hedonismo e o ascetismo são dois extremos; nem a vida palaciana nem a vida ascética poderiam pôr um fim ao sofrimento. O ideal é seguir um caminho intermediário, o caminho do meio, o caminho do despertar.
 
Uma jovem pastora chamada Sujata, filha de um importante aldeão de Uruvilva, viu Siddhartha meditando e pensou que ele fosse alguma divindade da floresta. Então, ela lhe ofereceu leite e arroz em um recipiente de ouro. Algumas tradições também citam uma segunda pastora, Radha, que também teria oferecido alimentos a ele.
   

A Iluminação

Os cinco ascetas acharam que Siddhartha tinha abandonado sua busca pela iluminação e partiram sozinhos para o Parque das Gazelas em Sarnath, Varanasi (atualmente chamada Benares). Siddhartha foi para uma região conhecida como Círculo da Iluminação em Bihar, onde os iluminados do passado atingiram o despertar. Próximo ao rio, voltado para a direção leste, Siddhartha sentou-se em meditação sobre um monte de grama, protegido pela sobra da figueira de bodhi. Ele jurou para si mesmo que só se levantaria após atingir a iluminação.
 
Durante sua permanência ali, sua mente foi assolada por vários tipos de sentimentos e sensações perturbadoras, mas mantendo o equilíbrio interior, continuou a meditar. Primeiro, Siddhartha lembrou-se de suas incontáveis vidas passadas; depois, ele viu o processo de renascimento de todos os seres; finalmente, ele alcançou a verdade última de todos os fenômenos.
 
No 8º dia do 12º mês lunar de 528 a.C., aos 35 anos de idade, Siddhartha realizou sua própria natureza búdica e, conseqüentemente, compreendeu o sofrimento, sua causa, sua extinção e o meio para extingui-lo. Siddhartha alcançou a iluminação, e passou a ser conhecido como o Iluminado, o Desperto (sânsc. Buddha), o Sábio dos Shakyas (sânsc. Shakyamuni).
 
Durante mais 7 dias de meditação, o Budha se preparou para propagar ao mundo pelo resto de sua vida, os ensinamentos (sânscr. Dharma) que teriam como objetivo, ensinar o caminho da iluminação às outras pessoas.
 
Buddha Shakyamuni pensou em instruir seus antigos professores, mas, com sua visão interior, percebeu que eles já tinham falecido. Então, Buddha decidiu procurar os cinco ascetas que tinham partindo para Sarnath, o Parque das Gazelas em Isitapana, próximo a Varanasi.
 
Lá estavam praticando o ascetismo, quase morrendo de fome. Num primeiro momento, os ascetas não queriam conversar com o "renegado que trocou o ascetismo por uma tigela de caldo de arroz". Mas quando o Buddha se aproximou, eles perceberam a presença de um ser iluminado e se curvaram diante dele com profundo respeito.
 
O asceta Ajnata Kaundinya (páli Anna Kaudanya) foi o primeiro a aceitar o ensinamento do Buddha Shakyamuni, sendo seguido pelos outros quatro ascetas. Algum tempo depois, o leigo Yasa (um jovem muito rico) tornou-se seu discípulo, assim como seu pai, sua mãe e sua esposa. Em três meses, o Buddha reuniu sessenta discípulos, que foram instruídos e enviados a várias direções para transmitir seus ensinamentos. Kashyapa, ex-sacerdote da seita dos Jatilas (adoradores do fogo), também decidiu abandoná-la para seguir Shakyamuni, que viajava constantemente pelo vale do Ganges, atraindo milhares e milhares de discípulos. Ele passou muito tempo expondo o Dharma em cidades como Vaishali, Rajagriha (capital do reino de Magadha) e Shravasti (capital do reino de Koshala).
 
Os ensinamentos do Buddha não se restringiam aos campos religioso e filosófico. Por exemplo, Shakyamuni não aceitava a estrutura social indiana, que discriminava as pessoas em diferentes castas. De acordo com o Buddha, não há castas "superiores" ou "inferiores" porque todos os seres têm a mesma natureza. Ele também criticou as doutrinas fatalistas que permitiam o abuso de autoridade por parte dos brâmanes, assim como também questionou  os costumes sociais, políticos e religiosos daquela época. Buddha rejeitava completamente o sacrifício de animais para os deuses e, em seu lugar, pregou a prática da bondade amorosa, da compaixão e da não-violência. Ele era conhecido não apenas pela sua grande compaixão, mas também pela sua disciplina severa e pura.


A Morte

Continuou ensinando e chegou aos 80 anos saudável e sem nunca desviar-se do caminho a que se tinha proposto. Certa vez, ao chegar numa aldeia, foi convidado para um almoço oferecido pelo ferreiro local. Apesar das poucas posses do homem, todos podiam notar que ele havia se esmerado para proporcionar ao Budha o melhor que suas posses lhe permitiam. Dentre os pratos oferecidos, havia um leitão assado, e ao sentir o seu gosto, o Iluminado percebeu que a carne já estava estragada. Sem hesitar, pediu a atenção de todos e solicitou uma deferência especial por parte do anfitrião. Disse que pelo esmero com que aquele prato foi preparado, permitia-se um capricho, o de que ninguém mais dele se servisse, devendo o mesmo ser enterrado, assim que ele terminasse sua refeição.
 
Desse modo, o Buddha não apenas evitou que o seu humilde anfitrião fosse envergonhado perante a população, mas também preservou a saúde de todos que ali estavam. Mesmo sabendo que aquele gesto havia selado seu destino.
 
Após muitas horas de uma dor aguda, ele pediu a Ananda um leito virado para o norte, entre duas árvores sala. Todos os discípulos estavam apreensivos, e Ananda chorava amargamente. Buddha chamou-o e disse docemente: "Ananda, seus méritos acumulados são incomensuráveis; você alcançará em breve a Bem-aventurança. Seu choro é inútil. Tudo o que nasceu está sujeito à morte, portanto dediquem-se com energia ao trabalho de emancipação final".
 
O Desperto pediu a Ananda para ir ter com os Reis Malla e relatar seu eminente passamento. Os Reis choraram muito, e foram com suas famílias até o local onde o Buddha se encontrava. Ao se aproximarem, fizeram mesuras honrosas. Ele explicou-lhes novamente as Quatro Nobres Verdades e o Caminho Óctuplo. Então pediu a Ananda e seus discípulos para não se entristecerem. Mas Ananda ainda chorava, pensando: "Não teremos mais o Mestre, após a sua morte". O Buddha disse: "Que o Dharma seja vosso Mestre!" O Buddha pediu aos discípulos para levantarem naquele momento suas dúvidas, de forma que ele pudesse explicar, mas todos permaneceram calados. Ele aconselhou aos monges diligência e fé. "Tudo que é composto, decompõe-se. Entro agora no Nirvana".

No 7º dia do 6º mês lunar (ou 15º dia do 2º mês lunar) de 483 a.C., depois de proferir suas palavras finais, o Buddha Shakyamuni entrou em um estado de profunda meditação e alcançou a suprema paz (sânsc. nirvana), a liberação final (sânsc. parinirvana), no bosque das árvores shala em Kushinagara.
 


















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Pouco após a sua Iluminação, o Buddha ("O Iluminado" ou “O Desperto”), proferiu o seu primeiro discurso definindo a estrutura básica sobre a qual se baseariam todos os seus ensinamentos seguintes. Essa estrutura básica são as Quatro Nobres Verdades, quatro princípios fundamentais da natureza (Dharma) que emergiram da avaliação honesta e profunda que o Buddha fez da condição humana e que definem toda a abrangência da prática Budista. Essas verdades não são afirmações de fé. São na verdade, categorias nas quais podemos enquadrar nossa experiência de tal forma a criar condições para a Iluminação:

1- A Existência do Sofrimento

2- A Causa do Sofrimento: o Apego

3- A Extinção do Sofrimento: a Eliminação do Apego

4- O Caminho que Leva à Extinção do Sofrimento: o Nobre Caminho Óctuplo, composto por entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta e concentração correta.


 A Existência do Sofrimento
 
Toda existência senciente implica em sofrimento (Duhkha). Por "sofrimento", devemos entender que, de uma forma essencial, todo ser está mergulhado em algum tipo de ignorância consciencial. Isso implica que a maioria dos seres humanos "sofrem" por não saberem lidar com a existência de forma equilibrada, seja nas experiências consideradas "prazerosas" ou nas consideradas "dolorosas". O sofrimento ignorante é fundamentado pela angústia da frustração egóica, que se prende em um sem-número de expectativas lineares e ilusoriamente permanentes. Portanto, nós seres humanos sofremos de uma "doença" psico-espiritual, de consciência, que nos leva a lidar com os contatos perceptivos de forma frustrante.
 
Há oito espécies de sofrimento: nascimento, velhice, doença, morte, contato com o que detestamos, separação do que amamos, objetivos inalcançáveis e o sofrimento inerente ao apego aos cinco agregados (elementos psicofísicos: forma, sentimentos, percepção, constituintes mentais e consciência).
 
Coletivamente são chamados de numa (nome) e rupa (forma). Assim o composto de nome-forma é um sinônimo dos cinco agregados. Tanto os agregados físicos como mentais são caracterizados pela impermanência, sofrimento e não-eu.

A Causa do Sofrimento
 
O sofrimento ocorre pelo desejo ignorante (Trshna). Aqui temos a base de todo processo ilusório no qual os seres sencientes estão presos. No plano humano, o desejo ignorante ocorre em função de um estado de delusão ou "não-sabedoria" (avidya). Esta condição é um estado natural nos seres em sua origem, mas que não é impossível de ser superada à medida em que um ser humano esforça-se em direção à reflexão.
 
O desejo pode ser classificado em três tipos, baseados nos três modos de identificação egóica: Apego (o desejo projetado como forma de anseio passional), Aversão (o desejo projetado como forma de rejeição odiosa) e a Indiferença (os apegos e aversões desviados repressivamente em uma atitude de falso alheamento). a Verdade da Causa do Sofrimento a palavra da Índia traduzida como "causa" significa "vir junto, formar-se conjuntamente e surgir, aparecer".
 

A Extinção do Sofrimento
 
É possível superar o sofrimento. Embora os processos racionais e sociais sejam muito viciantes e arraigados em nosso complexo psico-emocional, Buddha afirma que eles podem ser superados, e que uma forma nova de visão e percepção do mundo é possível.O Sutra define a Verdade da Extinção do Sofrimento como a eliminação dos apegos e o estado de Nirvana.
 
Sutras primitivos descrevem Nirvana como eliminação das máculas, extinção da ganância, raiva e ignorância. Neste contexto a extinção do sofrimento é Nirvana.


O Caminho para a Extinção do Sofrimento: O Nobre Caminho Óctuplo

A última das Nobre Verdades contém a prescrição de como aliviar nossa insatisfação e alcançar a eventual libertação, de uma vez por todas, desse ciclo de vida e morte (samsara) doloroso e desgastante ao qual – pela própria ignorância (avijja) das Quatro Nobres Verdades – estamos presos por tempos incontáveis. O Nobre Caminho Óctuplo oferece um guia prático e completo para o desenvolvimento mental de qualidades e habilidades benéficas que devem ser cultivadas se o praticante desejar alcançar o objetivo final, a liberdade e felicidade supremas, o Nirvana. Embora estudados individualmente cada aspecto faz parte de um todo orgânico e indivisível.

Ponto de Vista Correto - sabedoria e compreensão das Quatro Verdades Nobres e da Origem Interdependente. Alguns consideram como Fé Correta, para os de pouca experiência que ainda não adentraram o nível da sabedoria superior.

Pensamento Correto - pensamento ou determinação que precede ação ou fala. Para uma pessoa ordenada é a prática do pensamento correto através da mente cada vez mais gentil, compassionada e pura. Para os leigos é pensar corretamente sobre sua situação e agir determinadamente de acordo.
 
Fala Correta - surge do pensamento correto. Não mentir, não usar linguagem pesada, não falar mal dos outros, não caluniar, não falar frivolamente e usar a fala beneficiando a todos e conduzindo à harmonia, pela ternura que nutre a todos os seres.

Ação Correta - surge do pensamento correto. Não matar, não roubar, não cometer adultério. É praticar boas ações como a de proteger e cuidar de todos os seres, observando os valores éticos.

Meio de Vida Correto - conduta correta na maneira de viver, de se manter, com hábitos regulares e saudáveis de dormir, comer, trabalhar, fazer exercícios, descansar. Viver de maneira a melhorar a saúde, ser mais eficiente e criar harmonia, eficiência e saúde para todos. Ter meios de vida que considerem outros seres, outras formas de vida, o respeito e dignidade próprios e dos outros presentes e passados, as futuras gerações, a sustentabilidade e a melhor qualidade da vida.

Esforço Correto - dedicar-se constante e assíduamente ao caminho de obter os ideais de fé religiosa, ética, educação, política, economia e saúde produzindo e aumentando o que é bom e prevenindo e eliminando o que é mal.

Atenção Correta - manter-se atento garante que com a correta consciência e percepção nunca sejam esquecidos os objetivos ideais de fazer o bem a todos os seres. Na vida diária é agir com cuidado e atenção, pois qualquer momento desatento pode causar um desastre. Do ponto de vista Budista tradicional significa manter constante atenção à impermanência, sofrimento, não-eu.

Concentração Correta - aqui a referência é aos Dhyanas ou estados meditativos. Manter a mente calma e concentrada para permitir a manifestação da sabedoria completa e verdadeira a partir da qual surgem os pensamentos e ações corretas. Manter a mente clara e brilhante em tranqüila atividade.

Na prática, o Buddha ensinou o Nobre Caminho Óctuplo aos seus discípulos de acordo com um sistema de treinamento gradual, iniciando com o desenvolvimento de sila ou virtude (linguagem correta, ação correta e modo de vida correto, que na prática estão resumidos nos cinco preceitos), seguido pelo desenvolvimento de samadhi ou concentração (esforço correto, atenção plena correta e concentração correta), culminando com o pleno desenvolvimento de pañña ou sabedoria (entendimento correto e pensamento correto). A prática de dana (generosidade) serve como um apoio para cada passo ao longo do caminho já que atua como um auxiliar na corrosão da tendência habitual ao desejo e também porque pode trazer grandes ensinamentos sobre as causas e resultados das ações de cada pessoa (kamma).

O progresso ao longo do caminho não segue uma trajetória linear simples. Em vez disso, o desenvolvimento de cada aspecto do Nobre Caminho Óctuplo encoraja o refinamento e fortalecimento dos demais, levando o praticante adiante em uma espiral ascendente de maturidade espiritual que culmina na Iluminação.

Vendo por um outro ângulo, a longa jornada no caminho para a Iluminação tem início a sério com os primeiros sinais de alguma movimentação na questão do entendimento correto, os primeiros lampejos de sabedoria através dos quais a pessoa reconhece tanto a validade da Primeira Nobre Verdade e a inevitabilidade da lei do kamma (sânscrito karma), a lei universal de causa e efeito. A partir do momento que a pessoa se dá conta de que más ações inevitavelmente trazem maus resultados e que boas ações trazem bons resultados, o desejo, de viver uma vida moralmente correta e íntegra, de adotar seriamente a prática de sila, cresce. A confiança criada a partir desse entendimento preliminar leva o praticante a ter ainda mais fé nos ensinamentos. O praticante se torna um "Budista" a partir do momento em que expressa uma determinação interior de "tomar o refúgio" na Jóia Tríplice: o Buddha (tanto o Buddha histórico como o potencial de cada um de alcançar a Iluminação), o Dhamma (tanto os ensinamentos do Buddha histórico e a verdade última que eles revelam), e a Sangha (tanto a comunidade monástica que protegeu os ensinamentos e os colocou em prática desde os tempos do Buddha como todos aqueles que alcançaram algum grau de Iluminação). Tendo fincado firmemente os pés no solo através da tomada do refúgio e, com o auxílio de um bom amigo para ajudar a indicar o caminho, a pessoa estará pronta para trilhar o caminho, confiante de que estará seguindo as pegadas deixadas pelo próprio Buddha.

Algumas vezes o Budismo é ingenuamente criticado como uma religião ou filosofia negativa ou pessimista. Apesar de tudo (esse é o argumento utilizado) a vida não é somente miséria e desapontamento: ela oferece muitos tipos de alegria e felicidade. Porque então existe essa obsessão pessimista no Budismo com a falta de satisfação e o sofrimento?

O Buddha baseou os seus ensinamentos em uma franca avaliação da nossa situação como seres humanos: existe falta de satisfação e sofrimento no mundo. Ninguém pode contestar esse fato. Se os ensinamentos do Buddha parassem por aí, os seus ensinamentos poderiam de fato ser considerados pessimistas e a vida totalmente sem esperança. 

Porém, como um médico que prescreve o remédio para uma enfermidade, o Buddha oferece a esperança (a Terceira Nobre Verdade) e a cura (a Quarta). Os ensinamentos do Buddha portanto permitem ter um alto grau de otimismo em um mundo complexo, confuso e difícil. Um professor contemporâneo resumiu bem: "Budismo é a busca da felicidade levada a sério".

O Buddha alegava que a Iluminação que ele redescobriu está acessível a qualquer um que esteja disposto a fazer o esforço e comprometer-se a seguir o Nobre Caminho Óctuplo até o fim. Cabe a cada um de nós colocar essa afirmação à prova.








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Sangha é o nome dado à comunidade buddhista, formada por monges, monjas, noviços e na maior parte das tradições, também pelos praticantes leigos.

A comunidade buddhista, tanto a leiga quanto a monástica, foi se expandido gradualmente. O Buddha delegou o ensino do Dharma aos monges que tinham alguma realização espiritual e capacidade de ensinar. Assim, grupos de monges recitadores, eram responsáveis por memorizar e ensinar determinadas porções dos ensinamentos.
 
Os primeiros monges eram andarilhos que vagavam pelos reinos indianos a fim de difundir os ensinamentos de Buddha. Assim como os seguidores de outros mestres, os monges buddhistas viviam de maneira muito despojada e se vestiam com mantos cor-de-açafrão. A única diferença é que eles raspavam a cabeça como sinal de renúncia à vaidade e não aceitavam alimentos crus porque não podiam cozinhar. A cada mês, se reuniam para a cerimônia de upavasatha (páli: uposatha), que incluía uma confissão e a recitação dos votos monásticos.
 
 
Os Concílios
 
Pouco tempo após o falecimento de Buddha, no ano 483 a.C., a comunidade monástica sentiu a necessidade de formalizar toda a doutrina, para que se mantivesse total fidelidade à mensagem original. Desse modo, realizou-se o primeiro concílio Buddhista (foram 4 no total).
 
Esse encontro reuniu além dos 500 sacerdotes que mais se destacaram pelo conhecimento da doutrina, o discípulo Ananda, que dotado de memória prodigiosa, recitou todos os discursos de Buddha. Eles foram então, compilados no Cesto de Discursos (sânsc. Sutra Pitaka). De maneira semelhante, o monge Upali, que era o responsável por raspar a cabeça dos monges antes da ordenação, teria sido questionado sobre as regras monásticas, e suas respostas foram então registradas no Cesto de Disciplinas (sânsc. Vinaya Pitaka). Os cestos dos discursos e das disciplinas, em conjunto com o Cesto do Ensinamento Superior (sânsc. Abhidharma Pitaka), formam o cânone buddhista, chamado de os Três Cestos (sânsc. Tripitaka).
 
Com o passar do tempo, diferentes interpretações a respeito dos ensinamentos foram sendo formuladas. Conseqüentemente, do segundo ao quarto concílio, várias escolas filosóficas se formaram.
 
Atualmente existem três delas: Theravada, Mahayana e Vajrayana.


THERAVADA
(errôneamente chamada de Hinayana)

Literalmente "O Mais Velho Discurso", caracterizadas pelas escolas do Sudeste Asiático. São escolas de tendência monástica, cujas bases argumentativas se fundamentam nos textos  originais do pensamento de Buddha.

A linha Theravada vem a ser uma escola profundamente associada à pratica, e sua natureza é muito pouco devocional e despojada de ritos complexos. Possui uma tendência argumentativa que, se não for vista com cuidado, pode levar a excessos racionais, mas seus conceitos são de extrema pertinência e importância. Considero tal linha a mais original ao discurso de Buddha.
 
Os textos mais estudados nesta escola são:
 
- O Cesto da Metafísica do cânone páli, uma compilação de ensinamentos sobre a filosofia e psicologia buddhistas;
- O texto Visuddhi-magga, escrito por Buddhagosha, valoriza a ética, a sabedoria e a meditação;
 
Os monges theravadins, ou bhikkus, são identificados por suas cabeças raspadas e vestes cor-de-açafrão. Nos países do sul e sudeste asiático, é muito comum vê-los caminhando de manhã para pedir alimento. Esta prática, feita pelo próprio Buddha, é mantida até os dias de hoje como um meio de criar méritos e de desenvolver a generosidade entre os praticantes leigos.
 
Tem hoje aproximadamente 125 milhões de adeptos (38% dos budistas), principalmente no Sri Lanka, Laos, Birmânia, Camboja e Tailândia.
   

MAHAYANA

O formalismo de algumas linhas Theravada, e a tendência lamentavelmente humana em se prender aos aspectos rígidos e/ou excessivamente dogmáticos nas filosofias espirituais levou no Buddhismo ao desenvolvimento das linhas Mahayana, cujos objetivos - pelo menos em teoria - eram ampliar o sentido dos ensinamentos de Buddha.

Para realizar isso o Mahayana se caracteriza em desenvolver o conceito da Compaixão, fundamentando sua argumentação na transmissão do Dharma para todos, leigos ou não. A partir disso o Mahayana desenvolve toda uma mística sagrada de natureza eminentemente devocional, onde um grande número de Buddhas e Bodhisattvas, todos de natureza mítica sagrada, vieram a compor estas linhas.

Se no buddhismo mais antigo do Theravada a figura de Shakyamuni Buddha se mantém em sua posição como fundador do Buddhismo, nas linhas Mahayana ele é tão-somente mais um dos Buddhas, ainda que em posição destacada e às vezes de "liderança" de todos os seres sagrados.
 
Atualmente pode-se organizar a linhagem Mahayana em dois grandes grupos:

Escola do Lótus - Ou Tien-Tai, é a Escola Devocional de Terra Pura e a Escola dos Mistérios, uma forma Chinesa do Buddhismo Tântrico.

Escola Ch'an - Ou Zen, é a mais destacada das escolas chinesas, chegando à China trazida pelo patriarca Bodhidharma (cerca de 500 d.C.). Sua figura é objeto de controvérsias (se existiu ou não), mas é claro que o Ch'an surgiu na época datada como associada a este monge indiano, do clã dos Kshatryas.

Ao contrário das escolas místicas mahayana, podemos dizer que o Zen é a linha Mahayana que mais procura retornar aos ensinamentos originais de Buddha.

Bodhidharma pretendeu estabelecer uma prática e filosofia buddhista fundamentada no Dhyana ou meditação, mas tal prática era bem menos enfatizada do que no Zen mais moderno, já preso a um rígido código de conduta. Sua base era puramente reflexiva e voltada para o descondicionamento quase radical com os aspectos intelectuais de estudo e compreensão da Vida. Ele não se preocupou em "criar" uma escola, mas seus ensinamentos - como é natural na tendência institucional humana - foram aos poucos se fundindo em uma organização chamada de Ch'an, após sua morte.

O Zen original era extremamente ligado à filosofia Taoísta (não confundir com a religião de mesmo nome), e portanto sua argumentação é muito despojada de aspectos rígidos e dogmáticos. Os primeiros patriarcas após o semi-mítico Bodhidharma (Seng-Ts'an, Hui-Neng, Shen-Hui, Ma-tsu, e mesmo Lin-Chi) raramente enfatizavam o Zazen, chegando mesmo a descartá-lo como não tão necessário. O enfoque era no insight intuitivo, resultante do Wen-ta ou em "perguntas e respostas" visando à perplexidade no intelecto, da racionalidade, com o objetivo de levar a mente ao estado de tranqüilidade.

Cerca de seiscentos sutras do buddhismo Mahayana foram preservados até os nossos dias, escritos em sânscrito, tibetano, chinês e japonês. Os principais são:
 
- Sutras da Perfeição da Sabedoria (Prajna-paramita Sutras)
- Sutras da Terra Pura de Amitabha (Sukhavativyuha Sutras)
- Sutra do Lótus do Dharma Maravilhoso (Saddharma Pundarika Sutra)
 
As principais escolas são: C’han (China) e Zen (Japão) que buscam e pregam o máximo de simplicidade tantos nos ritos, como na vida cotidiana dos praticantes.
 
É a principal corrente do budismo e conta com mais de 185 milhões (56% do total) de adeptos espalhados por todo o mundo 

Para saber mais sobre o budismo Zen.

VAJRAYANA

Também chamado de Veículo de Diamante, surgiu por volta do século VI nas regiões nordeste e noroeste da Índia. Este movimento também é conhecido como Veículo do Tantra (sânsc. Tantrayana) e Veículo do Mantra (sânsc. Mantrayana). O Vajrayana é uma forma específica de buddhismo Mahayana que foi difundido pela Ásia Central, Tibet, Nepal, Butão, Mongólia, China e Japão. Através da Mongólia, o buddhismo tibetano também chegou ao sul da Rússia, hoje dividido em repúblicas autônomas no Cáucaso e na Sibéria.

As escolas do Vajrayana costumam tomar o Samdhinirmochana Sutra como base para classificar os ensinamentos buddhistas em três "ciclos" ou "giros da roda do Dharma".
 
As principais escolas são: Nyingma, Kagyü, Sakya e Gelug (liderada pelo Dalai Lama)
 
Tem hoje 20 milhões de adeptos (6% do total).
   

O BUDISMO NO BRASIL
   Comparativo: Principais Religiões X População
Igreja Católica Apostólica 
Romana ...
 124.980.132
Igrejas Evangélicas .......................
 26.184.941
Espírita ......................................
 2.262.401
Umbanda ....................................
  397.431
Budismo ....................................
  214.873
Candomblé ..................................
  127.582
Judaísmo ....................................
  86.825
Islamismo ...................................
  27.239
Espiritualista ...............................
  25.889
Hinduísmo ...................................
  2.905








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O termo japonês Zen (em chinês Ch'an) é a forma abreviada de Zenna, derivado do chinês Ch'an-na, que por sua vez vem de Dhyana  (meditação em sânscrito). Em coreano, é chamado de Soen; em vietnamita, chama-se Thìên.

O buddhismo Zen é baseado na idéia de que, já que todos os seres sencientes têm uma natureza búddhica, para atingir a iluminação é apenas necessário descobrir este buddha interior. Enganam-se porém, as pessoas que muitas vezes acreditam que este "descobrimento" da natureza búddhica interior pode ser atingido sem trabalho. A prática Zen real é muito disciplinada e muitos anos de estudo devem necessariamente preceder a liberação "súbita" na verdade.

Apesar de para os menos avisados, parecer o contrário, o Zen, como todas as escolas do buddhismo, tem uma base racional. Não depende nem da fé nem de dogmas petrificados, mas somente da experiência direta e da observação sem preconceito. Como uma escola buddhista, contudo, o Zen tem seu alicerce nos insights comuns a todas as outras linhagens. Essa base comum repousa na experiência. Isto é, naquela área onde a ciência e o misticismo se encontram. A única diferença entre esse dois campos de experiência é que a verdade da ciência — sendo dirigida aos objetos externos — pode ser provada de maneira "objetiva", ou melhor, demonstrada, enquanto o misticismo, dirigido ao sujeito, pertence à experiência "subjetiva". O Zen, como todas as escolas buddhistas, se mantém à parte das opiniões pré-concebidas, dogmas e artigos de fé, juntamente com tudo que normalmente recebe o nome de "religião".


A Origem do Zen

Segundo a história tradicional, a primeira transmissão “mente a mente” (ou “coração a coração”) ocorreu na Índia, durante uma palestra de Buddha a uma grande assembléia na montanha Gridhrakuta, que reunia mais de mil e duzentos discípulos.

O Buddha Shakyamuni, com um sorriso inspirador em sua face, elevou o braço, segurando apenas uma flor de lótus dourada. Neste momento, houve um silêncio total.

Nenhum dos discípulos arriscou-se a dar nenhuma interpretação e, durante esse longo momento de impasse, seu discípulo Mahakashyapa (famoso por sua extrema sisudez) respondeu-lhe com outro sorriso misterioso. Ninguém da assembléia entendeu o sentido e significado do feito de Buddha e, mais tarde, ele anunciou que o mais profundo Dharma da verdade tinha sido transmitido ao discípulo Mahakashyapa.
 
 
O Desenvolvimento
 
Desde então, durante vinte e oito gerações (quase mil anos), ocorreu essa transmissão de "mente a mente". Até que Bodhidharma (em jap. Bodai Daruma, 470-543), um patriarca indiano, levasse essa tradição à China, durante a dinastia Han.
 
Em 527, o patriarca fundou a escola de Dhyana dentro do templo Shao-lin, como uma escola diferenciada do buddhismo e que veio a se consolidar mais tarde. A palavra Dhyana foi traduzida para o chinês como Ch'an-na ou abreviadamente Ch'an (Zen, em japonês), que é o estado que propicia quietude da mente, desapego em relação à nossa preocupação e às necessidades imediatas. O Ch'an se desenvolveu rapidamente na China, tornando-se, dentro do buddhismo, um ramo independente do pensamento filosófico, tendo exercido influência nas artes, na cultura e nos costumes chineses.
 
Seu enfoque está na compreensão imediata, no despertar interior, transpondo toda barreira lógica dualista e as regras impostas pelo padrão religioso e cultural. As sutilezas da poesia e da pintura chinesa carregam exatamente o brilho do Zen.


O Ch’an (Zen) chega ao Japão
 
Durante o período Kamakura (1185-1333), o buddhismo Ch'an foi introduzido no Japão, onde passaria a ser chamado de buddhismo Zen. Em 1191, o monge japonês Myôsan Eisai (ou Yôsai, Zenko Kokushi, 1141-1215) levou a linhagem Lin-chi da China para o Japão, onde passou a ser chamada de Rinzai. Em 1227, outro monge japonês, Eihei Dôgen (ou Shôhyô Daishi, 1200-1253) levou a linhagem chinesa Ts'ao-tung, que passou a se chamar Soto em japonês.
 
A linhagem Rinzai tornou-se popular entre os samurais, shôguns e aristocratas, influenciando o código de honra dos guerreiros ou Bushido. Atualmente ela possui nove subdivisões e conta com aproximadamente 7 mil templos e monastérios. Já a escola Soto, foi difundida principalmente entre os camponeses graças ao trabalho do monge japonês Keizan Jôkin (1268-1325). Hoje, a escola Soto tem nove subdivisões e possui aproximadamente 14 mil templos e monastérios.


O Zen Budismo no Brasil
 
O Budismo chegou ao Brasil na década de trinta, trazido pelos primeiros imigrantes chineses, japoneses e coreanos. E o fato de sua chegada ter sido um tanto tardia, propiciou uma situação única e bastante promissora, pois o “Zen Brasileiro” encontrou um terreno “limpo”, sem as influências encontradas nos países que já o praticam há muitos séculos e que por isso, acabaram por adaptar a doutrina às suas próprias culturas e necessidades.
 
Tendo a plena consciência do quão benéfico pode ser aos brasileiros, o aprendizado e a prática de acordo com os ensinamentos originais deixados por Shaquiamuni Buddha, os sacerdotes que atuam no país, têm-se esmerado para semear o solo fértil que se apresenta, com as sementes mais puras que conseguiram obter, através dos muitos anos de estudo e práticas.


Os principais monges Zen atuantes no Brasil, são:

 
Monja Coen Shingetsu - Missionária oficial da tradição Soto Shu - Zen Budismo com sede no Japão e   Primaz Fundadora da Comunidade Zen Budista, criada em 2001, com sede em Pinheiros.

Iniciou seus estudos budistas no Zen Center of Los Angeles - ZCLA. Foi ordenada monja em 1983, mesmo ano em que foi para o Japão aonde permaneceu por 12 anos sendo oito dos primeiros anos no Convento Zen Budista de Nagoia, Aichi Senmon Nisodo e Tokubetsu Nisodo.

Participou de vários cursos e programas de formação para monges tendo se graduado no mestrado da tradição Soto Shu.
 
Retornou ao Brasil em 1995 e liderou as atividades no Templo Busshinji, bairro da Liberdade, em São Paulo, e sede da tradição Soto Shu para a América do Sul durante seis anos.

Foi, em 1997, a primeira mulher e primeira pessoa de origem não japonesa a assumir a Presidência da Federação das Seitas Budistas do Brasil, por um ano.
Participa de encontros educacionais, inter religiosos e promove a Caminhada Zen, em parques públicos, com o objetivo de divulgação do princípio da não violência e a criação de culturas de paz, justiça, cura da Terra e de todos os seres vivos.

Coordena as atividades de centros de prática nos seguintes endereços:
 

São Paulo 
 
Tenzui Zen Dojo
Rua Arruda Alvim, 127  (próximo a Estação Clínicas) -  Bairro Pinheiros
Tel.: (11) 3062-8964

Atividades:
Todos os dias da semana
6:00 hs. - Zazen (sentar em zen)
7:00 hs. - Tchôka (cerimônia da manhã)
Terças-feiras
10:30 hs. - Zazen
20:00 hs. - Palestra com a Monja Coen
Quartas-feiras
17:30 hs. - Zazen
20:00 hs. - Grupo de Preceitos
Quintas-feiras
10:30 hs. - Zazen
20:00 hs. - Zazen para principiantes
Sexta-feiras
17:30 hs. - Zazen
20:00 hs. - Zazen e Teishô (palestra do dharma durante o zazen)
Sábados
18:00 hs. - Zazen e Dokusan (encontro individual com a Monja Coen)
19:30 hs. - Cerimônia variável
Domingos
10:00 hs. - Caminhada Zen no parque
11:30 hs. - Zazen para principiantes



Rio de Janeiro
San Zen Dojo
Responsável: Getúlio Taigen
Tel.: (021) 9684-7831



Monge Ryotan Tokuda - Nascido em Hokkaido, norte do Japão, em 1938. Diplomado em Filosofia Budista pela Universidade de Komazawa, Tóquio, em 1963, praticou o treinamento Zen Budista com alguns dos maiores mestres Zen contemporâneos, como Nakagawa Soen Roshi, Sogen Asahina Roshi e Kodo Sawaki Roshi.

Em 1968, veio da Escola Soto para o Brasil como missionário para a América Latina, e fundou grupos de meditação e prática Zen Budista no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Brasília e Belo Horizonte. Em 1976, fundou o primeiro mosteiro Zen da América Latina, o Mosteiro Zen Morro da Vargem, em Ibiraçu, Espírito Santo.

Em 1981, o monge Tokuda fundou o Instituto de Medicina Tradicional Chinesa Vitória Régia, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Em 1984, fundou o Mosteiro Zen Pico de Raios e o Centro de Cultura Oriente-Ocidente, na cidade de Ouro Preto – também em Minas. Em 1993, fundou o Centro Zen do Planalto, em Brasília. Desde 1980 mantém grupos de prática Zen Budista na Alemanha, França, Itália, além de ministrar curso e palestras por todo o mundo. Em 1995, fundou a École Nonindo de Medicine Traditionelle Chinoise, em Paris, e a Association Mahamuni de Paris. Hoje é professor de Filosofia Budista na Université Boudhique Europeénne, em Paris. Está empenhado também na criação de um Mosteiro Zen na localidade de Lavras Novas (Mosteiro Zen Serra do Trovão), município de Ouro Preto.
 
Coordena os seguintes centros de prática:
 
Rio de Janeiro
Centro Zen do Rio de Janeiro
Tel. 5521-521-8423
Rua Saint Roman, 16 - Copacabana
CEP 22071-060


Minas Gerais
Mosteiro Zen Pico de Raios
Caixa Postal 101 - Morro de São Sebastião - Ouro Preto
CEP 35400-000

Mosteiro Zen Serra do Trovão
Caixa Postal 102 - Ouro Preto
CEP: 35400-000

Sala de Meditação Zadan
Tel.: (31) 463-4158,
Rua Mármore, 386 - Bairro Santa Tereza - Belo Horizonte

Brasília
Centro Zen do Planalto
Tel.: (61) 500-1522 / (61) 347-0038
Condomínio Rural Fazenda Santharém -  DF


Monge Moriyama Roshy - Nasceu em Março de 1938, e praticou nos principais templos da tradição do Mestre Zen Dogen Zenji (1200-1253), no Japão. Tem ministrado ensinamentos tanto para monges quanto para discípulos leigos, por mais de 30 anos. Desde o início, sempre teve especial interesse em acessar a prática do Zen para pessoas que não têm experiência anterior no Budismo.
Dados pessoais:
1970-73 - Monge Superior do Sokoji Zen Temple, em San Francisco, USA
1978 - Fundação do Zuigakuin International Zen Temple, próximo a Tokyo, Japão

1992 - Fundação do Hokaiji International Zen Temple, em St.Agrève, França
1993-96 - Monge Superior do Templo Bushinji, em São Paulo, Brasil. Nessa ocasião, teve seu primeiro contato e visita à ViaZen, em Porto Alegre.
Fevereiro de 2000 - Muda-se para Porto Alegre, Brasil.

Associação Zen Budista de Porto Alegre
Rua Ivo Corseuil, 169 - Bairro Petrópolis
CEP 90690-410- Porto Alegre - RS
Fone/Fax (51) 3381-5539

Atividades:
 
Zazen
- Quarta-feiras às 19h30min
- Quintas, sextas, e sábados às 19 horas
Estudo do Sutra do Coração e Zazen
- Domingos, às 19h
 
Introdução ao Zazen, com orientação aos principiantes
- Sábados, das 15 às 16h30 (exceto sábados em que há sesshin)
 
Cerimônia de Uposata: “Reflexão e renovação dos preceitos”
1º Domingo de cada mês:
9h - Zazen
9h45min - Uposata
10h15min - Reunião dos discípulos com Rakusu
11h30min - Encerramento
 
Cerimônia de Kuyô: “Apoio às pessoas com dificuldades, doentes ou falecidas”
3º Domingo de cada mês:
9h - Zazen 40' 10' 40'
10h45min - Kuyô
 
Aula de Shiatsu com o Mestre Moriyama Roshi
Sextas-feiras, das 17 às 18h
Sesshin (Período de prática intensiva de meditação)
Datas divulgadas com antecipação.
 






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O Equilibrista Mantém o Equilíbrio se Equilibrando - Paz Santa

Como diferenciar entre a voz de Deus e as nossas vozes pequenas, egoístas, limitadas?


As religiões são o quê? Fontes de poder e disputas ou fontes de sabedoria misericordiosa? 

Qual delas a melhor, a mais correta, a verdadeira? Ou será que cada uma pode corresponder às necessidades dos diferentes seres humanos, com suas diversas capacidades de compreensão, cultura, linguagem, sistema, época? Que força elas possuem, capazes de movimentar multidões para o que seus lideres dizem ser a vontade divina? Será que queremos todos seguir essa vontade divina e nem sabemos mais qual vontade é esta?

Os mártires vão para o Paraíso... Muitos já se foram, desde Roma antiga... Onde estão eles, elas agora, no mesmo paraíso? E quais mártires? Seriam aqueles que matam, destroem, odeiam, discriminam em nome do inominável? Ou aqueles que silenciosamente vagam vivos-mortos e mortos-vivos pelos escombros das nossas loucuras pensadas e impensadas?

O que é o Paraíso, onde fica? Além do além? Além da vida? Ou poderemos juntos abrir essa porta secreta, invisível, aqui ao nosso alcance, mais próxima do que o ar na Terra?

Nós podemos viver em Paz, na paz, pela paz, com paz... Nós podemos, nós temos capacidade de compreender, temos capacidade de ir além das diferenças de linguagem, cultura, cor, conceitos... Podemos juntos penetrar na verdade que somos, que é em cada ser em cada árvore e pequena folha, em cada pedregulho e grande montanha, em cada gota de orvalho, em cada lágrima e nos oceanos..

Shhh. É preciso aquietar a mente, o coração, os lábios... É preciso silenciar. Transformar em amor e carinho os revoltados turbilhões de confusão que todos nós criamos. Somos todos igualmente responsáveis. Presidente Bush e Osama Bin Laden, eu e você. Todos nós igualmente temos a mesma capacidade de sabedoria, de discernimento, de escolha, a mesma responsabilidade pelo que nos acontece, pelo que acontece no mundo. O que nos impede de escolher a Verdade? O que nos faz ouvir uma voz menor e segui-la como se fosse a maior? 

Quando iniciaremos nossa caminhada harmoniosa para o bem de todos os seres? Já é hora. Vamos dar as mãos, cantar a ciranda de cuidar da Terra. Abandonar as armas, os canhões e os gritos de batalha. Abandonar o medo da mudança verdadeira e profunda de toda humanidade. Vamos transformar a raiva em compaixão, a ganância em doação, a ignorância em sabedoria e dançarmos juntos no circulo da Paz e da Harmonia.

(Alguém comentou que os Estados Unidos exportam semanalmente muitos vídeos pornográficos para os paises islâmicos... Quem os importa, quem os compra? Quem se importa com as vendas de armamentos bélicos? Será que são comprados para serem queimados, destruídos, a fim de que ninguém se corrompa? Que ninguém se fira? Como pode uma cultura julgar a outra a partir de seus valores? E quais são os valores comuns a todos nós, qual é a Ética que transcende culturas, religiões, povos, tempo e espaço?

O mundo é globalizado... Não está se globalizando. É. Independentemente das tecnologias, das Internets, das televisões, dos rádios... O mundo é um. Uma esfera se transformando a cada instante com todo este universo. Dinâmico. Nada estático... Nossos valores, nossas religiões, mesmo as mais antigas, são apenas modernidades.

Por que nos fecharmos em grupos? E subgrupos e subsubgrupos que se digladiam entre si, cada um se dizendo o justo, o correto, o filho de Deus?

Teremos medo da Paz e da Reconciliação?

Temos medo de ceder, de conciliar, de encontrar meios pacíficos, respeitosos, cuidadosos de resolver conflitos? Por quê? Será que, falando incessantemente ainda não conseguimos ouvir a Voz O que diz a Voz, verdadeira voz de amor, compreensão e transformação do bem pelo bem com o bem para o maior numero de seres?)

Quem escondeu o coração de Paz? Qual o preço do seu resgate? Não são vidas nem de soldados nem de civis, nem de velhos nem de jovens, nem de mulheres nem de homens, nem de crianças nem de animais. O valor de seu resgate não está em ouro, prata, petróleo, tijolos nem casas.

Aonde se esconderam os verdadeiros valores da vida? Ainda é tempo de encontrá-los. Rápido. Vamos procurá-los no mais íntimo de nós mesmos para recebermos de volta o bem e a Paz.

Para onde foram, aonde se esconderam? Não estamos procurando por Osama Bin Laden e os terroristas, nem culpando a política externa dos Estados Unidos - todos sintomas de um mal maior, que nos contaminou. Que vírus terrível. Quem o teria infiltrado entre nós humanos?

Precisamos encontrar as causas e transformá-las em outras causas para com novas condições termos outros efeitos. Aonde foi que se perdeu a capacidade de compreender, de amar, de nos respeitarmos mutuamente, mesmo nas diferenças? Compaixão aonde você se esconde? Revele-nos sua face. Talvez uma lágrima longa e contínua - de um Ser bondoso e carinhoso, que vendo nossa triste condição, caia como néctar sobre todos nós. Talvez possamos despertar. Talvez possamos nos respeitar e nos cuidar. Como o bom pai cuida da esposa, dos filhos, da casa, dos vizinhos, dos amigos. Como a boa mãe cuida de todos. 

Como o bom filho, a boa filha cuidam dos pais, dos irmãos, da casa... Nossa casa, nossos irmãos, nossos pais estão em toda nossa volta. São todos que encontramos.

Se chamarmos a Paz ela virá. Através da própria Paz.
Se chamarmos a Compaixão ela virá. Através da própria Compaixão.
Se chamarmos a Verdade ela se manifestará. Através da própria Verdade.


Monja Coen
Shingetsu